Morre Luiz Flávio Gomes; advocacia perde uma voz dentro do Congresso Nacional
Um protagonista da defesa das causas da advocacia faleceu na madrugada desta quarta-feira (1): o jurista e professor de Direito Luiz Flávio Gomes, 61 anos. Afastado das atividades parlamentares desde setembro de 2019 para tratar de uma leucemia, o advogado, que cumpria seu primeiro mandato como deputado federal, deixa um vácuo na luta pelo aperfeiçoamento da democracia no Brasil. Na Câmara Federal, era membro da Comissão de Constituição e Justiça e destacou-se pela clareza e contundência com que abordava temas do Direito e da política.“Mais do que um advogado eleito, eu fui eleito em defesa da advocacia em todos os seus temas importantes. Um deles, as prerrogativas do advogado, é uma questão muito relevante”, disse Luiz Flávio Gomes à Revista da CAASP, em entrevista publicada na edição de julho de 2019. “Eu estou no Congresso para buscar conciliações, verificar a melhor maneira possível de proteção das prerrogativas. O advogado não exerce uma profissão só privada, ele exerce uma profissão que tem caráter de encargo público, de múnus público, e ele é relevante para o alcance da justiça. Portanto, tem que ter suas prerrogativas respeitadas e preservadas”, completou.Luiz Flávio Gomes formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Araçatuba, em 1979. Atuou como delegado de polícia e como promotor de justiça, entre os anos de 1980 e 1983. Fundou a rede de ensino LFG em 2003, a primeira em formato telepresencial no Brasil. “Luiz Flávio Gomes teve uma vida pautada pela ética, a coragem e a ênfase com que lutava pelas causas da advocacia e da cidadania. Ele se foi precocemente, mas seu legado seguirá influenciando não só advogados e advogadas, mas todos aqueles que têm apreço pela democracia”, afirmou o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, Luís Ricardo Vasques Davanzo.Para o presidente da OAB SP, Caio Augusto Silva dos Santos, a advocacia paulista perde um aliado e um “grande incentivador da nossa jornada na Secional, um líder sempre pronto a emprestar seu saber e sua coragem em prol de uma sociedade mais justa”.Aliado da OAB SP em seus pleitos, a contundência de suas palavras também serviu na luta contra o fim do Exame da OAB, e mesmo contra iniciativas que disfarçaram a intenção de extinguir a própria Ordem dos Advogados do Brasil, como se nota em trecho da referida entrevista, a seguir: “Você já imaginou se ninguém estivesse hoje controlando a atividade dos advogados no lugar da OAB? Nós viveríamos provavelmente um caos absoluto. A Ordem conta com os Tribunais de Ética, que controlam a ética, a questão da concorrência, tudo isso é indispensável para uma boa advocacia no Brasil. Tudo é feito em prol da realização da justiça e do melhor serviço que se possa imaginar. Eu vou lutar dentro do Parlamento para que essas ideias não prosperem”.